No transcurso das últimas duas décadas, importantes avanços foram realizados quanto ao projeto, construção e operação de reatores UASB para o tratamento de esgoto sanitário. Tais avanços têm sido incorporados aos projetos mais recentes e também no retrofitting de unidades existentes. Nesse sentido, trabalhamos para o Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Pirassununga – SAEP, na elaboração do projeto básico associado à modernização e aprimoramento dos separadores trifásicos e do descarte de lodo dos reatores UASB da ETE Laranja Azeda (população de projeto de 107.000 hab). A estação apresentava problemas associados especialmente à estrutura de separação trifásica dos reatores anaeróbios que impactavam sobremaneira a rotina operacional, a tomar pela ausência de dispositivo de remoção de escuma, o que levou ao bloqueio integral da saída de gás e, consequentemente, emissão descontrolada de gases odorantes. A linha de gás encontrava-se comprometida, especialmente nos trechos executados em aço carbono. Adicionalmente, a análise dos projetos e a visita técnica realizada a ETE Laranja Azeda possibilitaram identificar outros problemas que impunham dificuldades à adequada operação dos reatores UASB, com destaque para as estruturas de remoção de lodo e de alimentação e distribuição do afluente no fundo dos reatores.
Foram definidas intervenções prioritárias na ETE sob a ótica de centrar esforços (principalmente em termos de investimento de capital) em apenas um dos reatores UASB, objetivando a melhoria das condições operacionais, ainda que se perdesse em economia de escala (intervenções globais em todos os 4 reatores existentes). Previu-se a implantação de separadores trifásicos modulares, por consequência garantindo adoção da remoção hidrostática de escuma. O projeto também contemplou a previsão de sistema de controle de odores considerando a dessorção controlada do sulfeto de hidrogênio da fase líquida, seguida por tratamento em biofiltros, visando assegurar melhores condições de trabalho na estação (em termos ocupacionais e de preservação de estruturas aos efeitos da corrosão), para além de minimizar potenciais transtornos atrelados à dispersão de odores na circunvizinhança da ETE.