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O gerenciamento da qualidade da água superficial em bacias hidrográficas com distintos padrões de ocupação é uma tarefa complexa. Na bacia do rio Pará, especificamente no trecho de contribuição do município de Nova Serrana, nota-se o intenso processo de industrialização municipal, sobretudo atrelado ao setor de calçados. Atuamos, em uma demanda da Copasa, na avaliação de potenciais fontes poluidoras pontuais (com destaque para a ETE Nova Serrana) e difusas, de forma a caracterizar a relevância destas contribuições no tocante ao cumprimento da classe de enquadramento do rio Itapecerica. Tratou-se de uma demanda atrelada à solicitação de esclarecimentos e providências apontada pelo Ministério Público do Estado de Minas Gerais acerca da qualidade da água do Ribeirão Fartura.
O documento elaborado delineou os efetivos fatores intervenientes na qualidade das águas na bacia hidrográfica do Ribeirão Fartura. Uma análise expedita de uso e ocupação do solo revelou a existência de 320 indústrias do setor de calçados, para além de outras 17 associadas ao processamento de borracha, couros, peles e similares, matéria plástica, papel e papelão, têxteis, mecânicas e de propaganda. Verificou-se a existência de indícios concretos de que a depreciação da qualidade das águas do Ribeirão Fartura advém de contribuições a montante da ETE Nova Serrana, seguramente contemplando contribuições de natureza industrial e fontes de poluição difusa, especialmente no que tange à observação da presença de compostos fenólicos. Ademais, conclui-se que o aporte de nutrientes (nitrogênio e fósforo), carga orgânica remanescente (DBO) e indicadores de contaminação fecal (E. coli) associado ao efluente tratado na ETE Nova Serrana deve ser visto sob a perspectiva do controle das fontes de poluição na bacia, sob pena de imputar ônus exacerbado ao nível de tratamento requerido na estação, sem a devida percepção do bônus de melhoria da qualidade das águas superficiais.